5. Os Lendários Guardiões
POV Jack
Eu estava conversando com a Fada quando três portais apareceram na Sala do Globo. Um cavalo Clydesdale preto e branco galopou para fora do portal a minha esquerda. A menina com o cabelo ruivo e rebelde que estava montada nele puxou as rédeas que fizeram o cavalo parar.
Um dragão negro voou para fora do portal que estava a minha frente. Ele posou ruidosamente no chão da oficina, revelando seu condutor que era um garoto adolescente com o cabelo castanho e roupas do estilo viking.
Um segundo depois do aparecimento do dragão, uma garota loira foi lançada do portal a minha esquerda. Ela caiu de cara no chão, como se tivesse sido empurrada.
“Onde eu estou?” A ruiva perguntou olhando para oficina. “Onde está Norte?”
“Err... ele.” Comecei a dizer mas fui interrompido pela loira que havia se levantava e agora apontava uma frigeira para nós.
“Quem são vocês? Onde eu estou? O que houve com minha torre?” Ela perguntou quase gritando histericamente.
Eu olhei a loirinha de cima a baixo. Ela era bonita e tinha uma voz de anjo.
“Ei loira, calma!” Falei erguendo as mãos. “Meu nome é Jack Frost. Esses são Sandman, Fada e o Canguru da Páscoa.”
Os guardiões ao meu lado sorriram e acenaram para a garota. O canguru revirou os olhos e me corrigiu:
“Eu já disse... é Coelhão, piralho.”
“E eu já disse que não ligo.” Comentei sorrindo e balançando a mão.
A ruiva e o viking desceram dos seus animais e se aproximaram de mim. Se é que posso chamar um dragão de animal...
“Eu sou Soluço. Soluço Spantosicus Strondus III.” O viking disse estendendo a mão. “Humm... é um prazer conhecê-lo Jack Frost.”
“O prazer é meu Soluço.” O cumprimentei apertando sua mão. “E me chame de Jack.”
Soluço sorriu e largou minha mão. Viramos-nos para a ruiva.
“Eu sou Merida Dunbroch.” A ruiva disse cruzando os braços. È parece que alguém não é muito social...
Nós três olhamos para loira que ainda apontava a frigideira para nós. Sério, ela segurava aquilo como se fosse a arma mais letal da terra. E pelo amor de Deus! Era só uma frigideira!
“E você pequena, como se chama?” A Fada perguntou sorrindo abertamente, como sempre.
A loira pensou por um momento, abaixou a frigideira e respondeu usando um tom bastante formal.
“Rapunzel.”
“Sem sobrenome?” Soluço perguntou confuso.
“Sem sobrenome.” Rapunzel respondeu confirmando com a cabeça.
Merida suspirou.
“Ninguém respondeu minhas perguntas...” Ela disse parecendo chateada.
Cocei a cabeça para lembrar. Ela tinha perguntado o que mesmo?
“Você está na Oficina do Papai Noel.” O canguru respondeu mal-humorado. “E o Norte deve estar chegando. Provavelmente acabou parando no tempo errado.”
“No tempo errado?” Rapunzel perguntou confusa.
O canguru assentiu.
“Vocês são do passado. E agora vocês estão... digamos que no futuro.” Ele explicou.
“No futuro?” Mas por que?” Soluço perguntou alarmado.
“Precisamos da sua ajuda, por isso vocês estão aqui.” A Fada respondeu num tom sério.
“O que houve com minha casa? Aquela areia...” A voz de Merida morreu e ela parecia está assustada.
“Eu não sei explicar.” Admiti cabisbaixo “Acho que-”
Fui interrompido pela ruidosa chegada de Norte, que resolveu pousar com as renas bem na minha frente. Eu pulei e por pouco o trenó não esmagava meus pés.
“Norte!” Bradei irritado.
“Desculpe Jack! Mas você não sabe o que me aconteceu.” Norte disse ofegante descendo do trenó.
As renas levantaram vôo e saíram pela clarabóia. Norte se encostou cansado no painel onde havia a alavanca da invocação dos guardiões.
“Viagens temporais são revigorantes.” Ele disse irônico, enquanto tentava controlar sua respiração.
“Olha eu sei que vocês precisam da nossa ajuda. Mas acho que é melhor nos voltarmos para casa e...” Soluço começou a dizer mais Norte o interrompeu:
“Você não pode.”
“O que?” Merida perguntou engasgada.
“Suas casas foram... como posso dizer... dominada pelas trevas. È uma espécie de feitiço que só pode ser conjurado por uma bruxa poderosa.” Norte explicou e eu deduzi na hora:
“A mulher que está com Breu.”
Norte assentiu e Rapunzel apertou sua frigideira parecendo preocupada.
“Quem é esse Breu? Quem é essa bruxa? Norte, o que está acontecendo?” Ela perguntou com a voz alarmada.
Norte respirou fundo e começou a explicar:
“Breu é aquilo que vocês conhecem como bicho-papão. Nós o derrotamos há alguns anos, mas ele retornou. E desta vez ele não está sozinho. Temos que impedi-lo de iniciar uma nova Idade das Trevas. Por isso o Homem da Lua resolveu trazer à vida a lenda dos Guardiões das Estações.”
Merida, Soluço e Rapunzel se entreolharam. Eles já tinham entendido que tinha a ver com o lance dos guardiões. A Fada voou até Rapunzel e tocou seu ombro.
“Dizem que quando juntos, eles criam uma força como nenhuma outra. E é com este poder que podemos derrotar Breu.” A Fada disse sorridente.
“Mas o que isso tem haver conosco?” Merida perguntou, parecendo já saber a resposta para sua pergunta.
“Vocês são os guardiões das Estações.” A Fada disse e então apontou para cada enquanto falava: “Você Merida é a Guardiã do Verão, protetora da coragem. O Soluço é o Guardião do Outono, protetor da mudança. O Jack é o Guardião do Inverno, protetor da diversão e a Rapunzel é a Guardiã da Primavera, protetora da criatividade. Juntos vocês formam o The Big Four.”
Rapunzel engasgou. Merida ficou branca. Soluço parecia que ia vomitar e eu... Bom... eu apenas sorri e murmurei para o canguru:
“Ganhei um titulo. Eeee...”
O canguru revirou os olhos e voltou a cruzar os braços com força.
“Nós somos... os guardiões da lenda?” Rapunzel perguntou se apoiando na Fada.
“Mas como isso é possível?” Merida perguntou com a voz abalada, mas voltando a sua cor normal.
“Foi graças ao Homem da Lua.” A Fada respondeu sorrindo. Ela estava sempre sorrindo...
“Homem da Lua?” Soluço perguntou com a mão na boca. Help! Acho que alguém está precisando de um balde.
“O nome dele é Czar Lunar na verdade... mas ninguém o chama assim. O Homem da Lua foi o primeiro Guardião. A sua morada é a lua, de onde ele protege os sonhos de todas as crianças.” A Fada explicou em um discurso rápido.
“Certo. E o que exatamente é um guardião?” Merida perguntando descruzando os braços e colocando a mão na cintura.
Canguru, Fada, Norte e eu nos entreolhamos. Sem dúvida era a primeira vez que alguém fazia essa pergunta.
“Um guardião é...” O Canguru começou a falar coçando a cabeça.
“Um ser com poderes que é escolhido pelo Homem da Lua para proteger as crianças do mundo das trevas.” Terminei sentindo orgulho de mim mesmo.
Os outros guardiões ficaram confusos, mas depois sorriram ao perceber que eu resumi bem as coisas.
“Poderes? Eu não tenho nenhum poder.” Soluço comentou franzindo a testa.
“Bom... eu tenho.” Rapunzel disse atraindo nossa atenção.
“E qual é ele?” Perguntei sem pensar.
“Eu não posso dizer... Não sei se é seguro para mim.” Ela disse fitando seus pés descalços.
A Fada apertou levemente o ombro da loira.
“Tudo bem, Rapunzel. Não vamos te machucar. Eu te prometo.” A Fada disse soando sincera.
Rapunzel olhou nos olhos da Fada e abriu um largo sorriso.
“Só não gritem.” A loira pediu fechando os olhos. “È um tanto incomum.”
Olhamos em expectativa para Rapunzel, que começou a torcer o cabelo e cantar uma canção com sua voz suave.
“Flor de Luz reluz ...
Brilhe o que é teu.
Volta tudo atrás
E Traz o que foi meu...”
Merida, Soluço e os Guardiões engasgaram. Meio queixo caiu e eu meio que não consegui respirar. As raízes do cabelo de Rapunzel começaram a emitir uma luz dourada que começou a crescer ao longo dos fios.
“Feridas vais sarar
E o que aconteceu.
Salve o que eu perdi.
E traz o que foi meu,
O que foi meu...”
O brilho do cabelo da loira desapareceu. Ela abriu os olhos e um sorriso fraco se formou em seus lábios. O sorriso desapareceu rapidamente quando ela viu nossas caras.
“Err... gente?” Ela perguntou e eu fechei a boca. “Vocês estão bem?”
Os guardiões e os outros voltaram ao normal. Olhei para o canguru, que tinha o mesmo olhar assustado que eu. Tínhamos visto bastante coisa em nossa vida de guardião. Mas aquilo era... digamos que diferente.
“Esse é o meu poder.” Rapunzel falou sorrindo.
“E o que ele faz, loirinha?” Perguntei tentando soar normal.
“Ele pode curar qualquer coisa, desde um pequeno corte á velhice.” Ela respondeu.
“Isso é muito legal.” Falei sorrindo.
“Eu sei!” Rapunzel disse animada.
“Acho que nossos poderes vão aparecer com o tempo... Estou certo, Norte?” Soluço perguntou e Norte concordou com a cabeça.
“Acho que está na hora de apresentar vocês a um amigo nosso.” Falei sorrindo.
“Que amigo?” Rapunzel perguntou desconfiada.
“Jamie. Jamie Benett. Ele mora em Burgess.” Respondi acenando com a cabeça para o lado.
“E isso é longe?” Merida perguntou cruzando os braços novamente.
“Não muito. È quase aqui do lado.” Respondi e agarrei Rapunzel pela cintura. “Merida vá com o viking no dragão.”
Voei para fora passando pela clarabóia e Rapunzel acabou deixando sua frigideira cair no chão da oficina. O cabelo dela estava solto e rodopiava pelo ar. Um tanto irritada a loira começou a junta-lo numa espécie de bolo. O trabalho foi concluído em poucos minutos e eu não pude deixar de sorrir com aquilo.
E assim voamos para Burgess.
Comentários