4. A Flor Dourada
POV Rapunzel
Mamãe havia deixado a torre há poucos minutos. Havíamos discutido e ela venceu, como sempre. Eu estava debruçada sobre a janela e meus cabelos estavam do lado de fora da torre, balançando com o vento. Pascal apareceu no meu ombro e me lançou um olhar triste.
“É amigo, parece que não vamos ver as luzes agora.” Falei um tanto triste.
Minha mãe só via o lado ruim das coisas. Tudo bem, sem dúvida o mundo era cruel. Mas existiam coisas boas nele. Não tinha como ele ser totalmente ruim, tinha?
Ao longe um trovão ressoou. Vinha tempestade por ai.
Afastei-me da janela e comecei a puxar meus cabelos de volta para torre. Quando terminei, puxei as persianas de madeira da janela, andei até o canto escuro da torre e me sentei lá. Puxei meus cabelos e os acomodei junto a mim. Mais trovões cortaram o céu.
Pude ouvir alguém empurrando as persianas da minha janela e imediatamente fiquei em alerta. Peguei uma frigideira de chumbo batido que estava próxima a mim e me levantei.
Um senhor entrou na minha torre. Ele usava um chapéu e um casaco estranho, tinha os olhos azuis bem grandes e uma barba branca e longa. Assustada com sua entrada, lancei a frigideira na direção dele.
O estranho tirou duas espadas de dentro do casaco e impediu que a frigideira o acertasse. Ele ergueu uma sobrancelha quando minha frigideira caiu ruidosamente no chão.
O vi ajoelhar-se, pegando a frigideira e examinando-a com cuidado. Colocou-a de volta no chão e chutou na minha direção. O estranho guardou suas espadas e lentamente ergueu as mãos.
“Eu não estou aqui para te machucar. Tudo que eu quero é conversar.” Sua voz com um estranho sotaque ecoou das paredes de pedra.
Agarrei a frigideira e sai das sombras.
“Quem é você?” Perguntei severamente levantando a frigideira de forma ameaçadora.
“Meu nome é do Norte.” Disse o estranho. “Precisamos da sua ajuda.”
“Precisam?” Perguntei erguendo uma sobrancelha. “Quem mais sabe da minha localização, Norte?”
“Eu sou o único que sabe da sua localização. Como você se chama, senhorita?" Norte me perguntou gentilmente.Pensei por um segundo. Ele não parecia querer me machucar e não custava nada dizer meu nome.
“Rapunzel.” Respondi sem tirar os olhos de Norte. “Meu nome é Rapunzel.”
Desconfiada comecei a circundar Norte com minha frigideira.
"Então, o que você quer com o meu cabelo?”
“O quê?” Norte perguntou incrédulo, erguendo uma sobrancelha.
“Você me ouviu. O que quer com meu cabelo?” Perguntei seriamente, pois minha mãe havia me dito para não confiar nas pessoas.
“Eu não estou aqui por causa do seu cabelo. Estou aqui para pedir a sua ajuda, Rapunzel.” Norte me disse soando sincero.
“Espera! Você precisa da minha ajuda? Mesmo?” Perguntei abaixando a frigideira.
Um trovão ressoou no alto de minha torre e eu soltei um grito assustado. Por que não pareceu ser um trovão comum.
“O que foi isso?” Perguntei olhando para cima com os olhos arregalados.
“Eu não tenho tempo para explicar.” Norte disse erguendo as mãos. “Você deve vir comigo.”
“Ir com você? Eu acho que não.” Falei para Norte “Mamãe me disse para eu ficar aqui.”
“Sinto muito, mas você tem que sair antes que a escuridão chegue a sua torre.” Norte disse colocando a mão no bolso do seu estranho casaco.
Minha cara se fechou em uma careta. Ele tinha me ouvido por acaso? Eu não podia deixar a torre, minha mãe deixou isso bem claro. Mas antes que pudesse brigar com ele, Norte tirou do casaco uma bola de vidro e jogou na parede.
Me encolhi achando que o vidro iria se espatifar no chão, mas para minha surpresa a bola não atingiu a parede. Ela acabou se transformando em uma espécie de circulo branco flutuante.
“O que é isso?” Perguntei assustada. Aquele senhor parecia que só me assustaria!
Norte me empurrou para dentro do circulo e eu soltei um grito de surpresa.
Sem dúvida aquilo tinha sido uma má idéia.
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