14. Sul?




POV Jack

Parecia que existia um enorme iceberg em dentro do meu peito. Eu estava deitado na neve e me sentia congelando.

Abri meus olhos e as recentes lembranças tomaram conta da minha mente.

Eu havia lutado com o urso que era inimigo da Merida, o Mor’du. Tinha o atacado e liberado uma rajada de gelo do meu cajado. Depois disso... O que havia mesmo acontecido? Eu não sabia dizer.

Levantei-me e olhei ao redor, tentando procurar algo que explicasse o que havia acontecido.

A neve cobria tudo o que meus olhos avistavam e eu estava na beira de um penhasco. O céu estava nublado e o vento rugia. Uma rajada de ar passou por mim, fazendo meus pelos se arrepiarem e eu me encolher de frio.

Fechei meus os olhos por um momento e inspirei, deixando que o ar gélido adentrasse meus pulmões. Doeu um pouco e tudo em dentro de mim, pareceu congelar. E então... sem mais nem menos, o frio passou.

Abri meus olhos e algo me jogou para baixo do penhasco. No meio da queda consegui controlar o ar, realizando assim um pouso ruidoso na neve. Olhei para cima do penhasco e vi um dos ursos de areia negra.

Ele estava exatamente onde eu estava há poucos segundos e me olhava fixamente. Um calafrio percorreu meu corpo e o urso se desfez em poeira sumindo no ar.

Olhei ao meu redor esperando que ele se materializasse perto de mim e me atacasse. Fiquei por alguns segundos em estado de alerta, mas não ouve nada. Já começava a relaxar quando meus olhos se fixaram numa enorme macha negra.

Ela estava próxima ao pé do penhasco e havia um rastro igualmente negro indo para o sul. Era o Mor’du. Na mesma hora a minha mente clareou e eu me lembrei.

Quando minha rajada de gelo se chocou com a fera, ocorreu uma explosão que nos lançou para longe. Eu para um lado. Mor’du para o outro. Mas eu não estava sozinho. O Soluço também estava comigo. Olhei preocupado para neve, onde estava o viking?

“Soluço!” Chamei na esperança que ele me respondesse

Comecei a andar de um lado para o outro chamando seu nome. Talvez a explosão também houvesse o afetado. Talvez ele tivesse sido arremessado para um lugar muito mais longe. Ou talvez... Mor’du o tivesse levado.

Rapidamente ignorei esse meu ultimo pensamento. Apesar de ter consciência que a fera não tinha sido destruída. Avistei algo marrom no chão em meio à neve. Agachei-me e toquei aquilo.

Era macio e quente, como o pelo de algum animal... O colete de pele do Soluço! Puxei aquilo com força e vi que seu dono estava soterrado pela neve. Agachei-me e comecei a tirar a neve de cima do viking. Quando ele ficou livre eu o analisei.

Ele estava pálido, gelado e parecia abatido. Todos os membros do seu corpo estavam em seu devido lugar e ele parecia não ter quebrado nenhum osso.

“Soluço, você está me ouvindo?” Perguntei preocupado

O viking abriu os olhos e piscou algumas vezes. Ele apoiou o cotovelo na neve e arfou fraco.

“Jack?” Ele me chamou com a voz um tanto baixa e rouca

“Sim, sou eu amigo.” Respondi um tanto aliviado “Você está bem?”

Soluço gemeu em resposta e se encolheu parecendo sentir dor. Sua face se franziu por um momento e ele murmurou:

“Minha cabeça... Acho que ela acertou a pedra.”

Imediatamente me lembrei da cena. Soluço sendo arremessado na direção do penhasco.

“É você bateu sua cabeça.” Concordei e olhei ao redor.

Enterrada em meio à neve em meio à neve, estava a frigideira preta de chumbo batido. Aquela “arma” da Rapunzel tinha ajudado bastante o Soluço.

“Consegue andar?” Perguntei voltando minhas atenções a ele

Soluço assentiu fraco e se levantou, apoiando-se no penhasco. Peguei a frigideira do chão e me levantei.

“Acho que vai precisar disso.” Falei lhe estendendo a “arma”.

“Err... acho que vou mesmo.” Soluço concordou pegando a frigideira com a mão direita

Analisei o viking. Ele parecia um tanto mole e cansado. O que não era para menos. Já que ele um urso com uma força extremamente sobrenatural o arremessou violentamente na direção de uma pedra tão dura quanto a cabeça do Coelhão.

“Você está bem? Tem certeza que consegue andar?” Perguntei olhando para Soluço preucupado

“Só minha cabeça que está doendo um pouco. Mas... sim. Acho que consigo andar.” Ele me confirmou com a voz quase normal “Nós vamos para o sul, não é?”

A palavra sul me fez lembrar Merida, Rapunzel e o verdadeiro motivo de estarmos naquela situação. Era por causa do cajado do sonho da ruiva.

A palavra sul também me lembrou do Bosque Queimado e de como ele me afetava. Soluço estava fraco e se fossemos para lá, eu também iria ficar. E se nos dois ficássemos fracos, ninguém nos defenderia. E se ninguém nos defendesse, certamente morreríamos. O que tornava o sul um péssimo lugar para ir.

“Não. Não é uma boa idéia irmos para lá.” Falei após refletir

“Então vamos para onde?” Soluço perguntou esfregando incomodado sua nuca. Certamente, ele estava começando a sentir a dor da batida.

“Leste.” Murmurei e então me lembrei do rastro de Mor’du para o sul e das meninas. “Não acho que vamos mesmo para o sul.”

“Ok, sul então.” O viking concordou colocando a frigideira embaixo do braço e começando a andar.

Foi quando eu me lembrei que poderia ser armadilha. O sul iria me deixar vulnerável e assim seria mais fácil eu ser derrotado.

“Oeste, Soluço. Vamos para o oeste.” Falei e o viking se virou começando a andar para o oeste

Mas... as garotas precisariam de nossa ajuda. Se o sonho de Merida estivesse certo a tal “bruxa” iria queimá-la e sabe-se lá o que seria da Rapunzel. Eu não poderia tomar outro rumo. Eu tinha que ajudá-las.

“Sul.” Murmurei e Soluço se virou voltando para o sul. “Não é melhor leste.”

Soluço se virou para direção do leste no mesmo momento em que eu dizia:

“Não oeste.”

O viking já se virava novamente quando eu pensei melhor e murmurei:

“Quero dizer sul.”

Pensei novamente no efeito do Bosque Queimado sobre mim e falei irritado comigo mesmo:

“Não, não leste... argh.”

Soluço se sentou bruscamente na neve e disse com uma voz um tanto irritada:

“Por que não paramos e ficamos aqui mesmo.”

Balancei a cabeça negativamente. O viking parecia tão irritado quanto eu.

“Há um rastro de Mor’du indo para o sul. Merida e Rapunzel estão no sul.”

“Então vamos para o sul.” Soluço disse se levantando imediatamente

“Não. Eu irei ficar fraco se formos para lá.” Lembrei-o angustiado

“Então vamos para outro lugar.” O viking disse tomando o rumo para o leste

“E as meninas?” Perguntei preocupado

“Então vamos para o sul.” Soluço disse como se fosse uma pergunta

“Não.” Afirmei sem saída

O viking respirou fundo e já exasperado falou:

“Quer saber? Nós vamos para o norte.”

Ele começou a andar na direção do penhasco.

“Merida tem o arco dela. Rapunzel tem aqueles cabelos mágicos enormes... Elas são garotas fortes... poderosas... Vão saber se cuidar.”

“Mas Soluço...” Comecei a dizer, mas ele me interrompeu.

“Para o Norte, Frost.”

E dizendo isso ele me puxou pelo braço. Cambaleei e comecei a andar.

“Elas vão ficar bem?” Perguntei em duvida

Soluço me lançou um olhar enigmático e afirmou com a voz carregada de convicção:

“Como eu já disse, elas são fortes.”



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