21. Ouro vs. Trevas
POV Rapunzel
Meu mundo estava imerso em trevas; Eu sentia frio. E estava com medo.
A felicidade parecia não existir mais. E eu sabia exatamente o porquê; estava em um dos casulos do Breu.
E esses casulos não foram feitos só para te aprisionar, e sim para usar seus medos contra você. Mas ai que estava o problema; eu não tinha nenhum medo.
A torre antes parecia ser o pior lugar para se viver. Mas agora olhando por um aspecto, ela até que foi bom por um sentido. Se eu tivesse ficado com meus pais, eles cortariam meu cabelo e ele perderia o poder, então a dádiva da flor dourada não poderia ser compartilhada. Mas graças a Gothel eu ainda tinha meu cabelo e o usaria bem quando voltasse para o meu reino.
Se eu consegui voltar. Pensei um tanto desanimada.
Olhei ao redor, mas só enxergava trevas. O futuro ainda era futuro. E eu tinha de me concentrar no presente; a primeira coisa a fazer era sair dali.
Fechei os olhos e apertei meu cajado com força. Lembrei-me da explosão de areia que houve na oficina e guardei aquela imagem na minha mente. Juntei meus braços no meu peito e num movimento único eu os afastei para longe de mim.
E então uma nova explosão ocorreu: As trevas foram substituídas pelo ouro da minha areia. O casulo se desfez e eu toquei novamente o chão frio do covil. Breu estava logo a minha frente, ao lado do globo, me olhando. Seu ódio e sua fúria estavam no auge.
“Quantas vezes tenho que acabar com você, loira?” Ele perguntou gritando furioso.
“Eu não sei. Talvez todas as vezes que não me reder.” Respondi usando um tom de voz sério e apontando pelo cajado dourado na direção dele.
“A rendição é sua única opção garota.” Breu rosnou frio e calculista. “Seu precioso namorado está morto. No final das contas a ruiva não pode protegê-lo...”
Entrei em choque ao ouvir aquilo. O mundo pareceu ficar lento por um momento, e vacilei ao segurar meu cajado. Não podia ser! O meu Jack não estava morto!
“Merida sempre honra suas promessas, ela não é você.” Disse rosnando entre dentes. Meus olhos ardiam, mesmo eu ainda tendo esperanças. Breu estava mentindo!
O rosto dele se fechou numa careta e logo depois um estranho sorriso surgiu em seus lábios.
“Será mesmo? Você não está ouvindo esses gritos?” Ele disse levando a mão ao ouvido direito.
Franzi a testa e então gritos desesperados cortaram o ar. Eu gelei. Os gritos eram do Jack! Balancei a cabeça irritada. Aquilo não era real. Breu que estava criando aquele som.
“Precisará de mais se seu objetivo for minha rendição.” Falei usando um tom sério e apertando meu cajado.
“Tem razão. Acho que com um estimulo certo.” Breu murmurou e uma porta feita de areia negra surgiu ao seu lado esquerdo.
A porta se abriu revelando Jack que tinha uma flecha no coração. Reconheci a seta imediatamente, era da Merida.
“Jack!” Exclamei e corri para ele. Se fosse ou não uma armadilha não me importava. Era a imagem exata de Jack. “Jack o que houve?”
Segurei Frost, apoiando-o em meus ombros. Arranquei a flecha do seu coração e joguei longe, ouvindo alguns protestos fracos dele. Pressionei a mão esquerda dele no local do ferimento, para estancar o sangramento.
“Jack o que aconteceu? Por que Merida fez isso com você?” Perguntei alarmada.
Frost me olhou longamente, seus olhos pareciam ver minha alma.
“Desculpe minha flor.” Jack murmurou e eu fiquei confusa. Ele havia me chamado de minha flor?
Mas, a única pessoa que...
Antes que pudesse refletir nisso, algo pontudo penetrou meu flanco direito que estava próximo a Jack. Eu gemi e me afastei dele, dando alguns passos para trás.
Jack estava segurando uma adaga prata com cabo preto. Ele parecia arrependido por ter me machucado.
Deixei o cajado cair no chão e coloquei minhas duas mãos no lugar ferido. Uma dor aguda começou a se espalhar pelo meu corpo e eu fechei os olhos. Meus cabelos se soltaram da trança e eu abri os olhos. Breu estava andando na minha direção.
“Não acha que isso é muito cabelo?” Ele murmurou sorrindo.
“O que pensa que está fazendo, Breu?” Jack murmurou se sentando em um degrau da escada.
“Você sabe que ela não é uma guardiã comum. Sua única fraqueza é sua maior força.” Breu respondeu puxando uma seta de areia negra.
Entrei em pânico. Se aquilo atingisse meu cabelo, eu... eu... Eu morreria. Não! O meu fim não podia ser agora!
“Dê dois passos para trás ou eu não me responsabilizo pelos meus atos.” Jack murmurou se levantando.
Olhei para ele. Seu ferimento havia se curado como se nunca tivesse existido. No mesmo instante minha dor diminuiu e eu tirei minhas mãos do meu flanco. Havia me curado sem precisar do meu cabelo. Fiquei um tanto confusa e Breu abaixou a seta, trocando com Jack um olhar assassino.
“Você não tem direito de me exigir nada, Gothel!” Breu bradou com a voz subindo várias oitavas. “Se eu te dei, eu posso tirar.”
Meus olhos se arregalaram e olhei engasgada para Jack. Isso explicava o porque dele ter me chamado de flor.
“Está pensando que é meu senhor? Eu não me subordinei durante a Caça as Bruxas. Não é agora que vou deixar que me digam o que fazer.” Gothel murmurou e respirou fundo. “Você tem cinco segundos para se afastar dessa garota ou você irá descobrir por que me chamam de Fúria.”
Breu sorriu e uma areia negra surgiu dos pés de Gothel a cobrindo por inteira. A areia desapareceu e Gothel voltou a sua forma normal. Ela apertou a adaga com força e fuzilou Breu com os olhos. Aproveitei o momento de distração dos dois e me agachei pegando meu cajado.
“Eu sou o Rei dos Pesadelos Gothel. Desista enquanto a chance.” Breu murmurou e dois cavalos de areia negra apareceram ao seu lado.
Gothel sorriu e algo acertou a parte de trás da sua cabeça. A bruxa caiu no chão, revelando Lilith que segurava minha frigideira.
“Oh, minha filha... Apareceu quando eu mais precisava!” Breu exclamou animado.
Lilith balançou a cabeça negativamente e sorriu.
“Na verdade eu estou ajudando outra pessoa.” Ela o corrigiu.
Breu se virou para mim, bem na hora que minha areia dourada o acertava. Ele rolou as escadas caindo em baixo do pedestal do globo. Lilith recuou para trás e desapareceu em meios às sombras. Os dois cavalos de areia negra avançaram e meu cajado se transformou em uma lança.
Acertei um cavalo no pescoço e ele se desfez em poeira no mesmo instante. Girei a lança e acertei o flanco o outro cavalo, que teve o mesmo destino que seu “amigo”. Pelo canto do olho vi Breu começando a se levantar. Corri até a borda do pedestal e pulei sem pensar no que me aconteceria se algo desse errado.
Minha lança já iria acertar o abdômen do Breu, quando algo me jogou para o canto direito da sala. Meu corpo atingiu a parede de pedra com força e eu gemi alto.
Ergui a cabeça e vi Gothel de pé do outro lado da sala. Meus olhos se estreitaram. Levantei-me e corri na direção dela. Num determinado ponto, parei e lancei a lança que tinha como alvo o coração daquela maldita bruxa.
Conseguia ouvir o vento assoviar quando minha lança o cortou. Tinha velocidade. Tinha força. Tudo aquilo foi depositada nela em uma única chance.. E aquilo seria meu destino?
Eu só teria uma chance.
E não iria desperdiça-la.
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