16. Confronto nos Alpes Gelados
POV Soluço
Já era noite quando uma tempestade de neve nos pegou de surpresa. Numa hora tudo estava normal e então sem nenhum aviso a ventania começou seguida pelo nevoeiro e a neve. Continuamos a andar, pois segundo o Frost logo aquilo iria passava. Mas é claro que não passou.
“Tente controlá-la Jack!” Gritei sem conseguir ver por onde andava
“Eu já tentei mais não consigo.” Explicou Jack que andava na minha frente
“Você não é o senhor do inverno?” Perguntei por cima do vento
“Sou. Mas essa tempestade não parece ser normal.”
De imediato lembrei-me da bruxa antiga, que era aliada do Breu.
“Acha que pode ser coisa da bruxa da Merida?”
“Não sei. Mas é melhor encontrarmos algum lugar para nos abrigarmos.” Jack respondeu quase gritando “Isso não vai passar tão cedo.”
Assenti e olhei ao redor, tinha que ter alguma caverna por aqui.
“Achei um abrigo.” Jack gritou e eu olhei na direção que ele apontava
Era uma abertura que existia em meio à montanha. Ela era grande o bastante para uma pessoa passar. Jack foi até lá primeiro e entrou, alguns segundos se passaram.
“Pode vir Soluço! É seguro!” ele gritou
Andei até a abertura e algo negro se mexeu ao meu lado. Olhei e não vi nada, mas podia jurar que tinha alguma coisa em meio à tempestade. Passei pela abertura e me deparei com um túnel gelado, que tinha cristais de gelo no chão e estalactites no teto.
Jack estava andando na frente e eu o acompanhei olhando alarmado para as estalactites. Se elas caíssem, poderiam matar algum de nós dois.
“Você disse que era seguro.” Falei tentando não entrar em pânico
“Ah isso não é nada. Não vai cair.” Jack murmurou olhando fixamente para o fim do túnel
“Como poder ter tanta certeza?”
Jack apontou para o cajado e depois para o teto.
“Coloquei uma camada de gelo nelas. Sabe... para elas ficarem onde devem ficar.”
Assenti relaxado e saímos do túnel. Deparando-nos com uma espécie de clareira que existia entre duas cordilheiras. Naquele lugar não havia ventania, nem nevoeiro.
“A tempestade pareceu ser só daquele lado dos Alpes. Mas por quê?” perguntei confuso
“Para que a luta ficasse apenas entre nós...” A voz de Breu ecoou atrás de mim.
Viramos na mesma hora e nos afastamos da saída do túnel. Jack apontava seu cajado de forma ameaçadora para Breu e eu fazia o mesmo, só que com a frigideira.
Breu saiu do túnel, seguido por uma dúzia de cavalos feitos de areia negra. Imediatamente reconheci os cavalos, que eram os mesmos que tinham me atacado em Berk.
“Apesar de eu duvidar que Rapunzel e Merida consigam sobreviver a essa tempestade.” Breu completou
“Rapunzel! Argh... se você tocar nela...” Jack começou a dizer, mas Breu o interrompeu:
“Não se preocupe com ela e sim com você. Pois quando eu...”
“Isso era para colocar medo?” Falei interrompendo Breu “Pois se era eu tenho uma novidade. Nos não temos medo de você.”
O cara cinza sorriu.
“De mim, talvez não. Mas todos vocês tem medo de algo. Merida é perder a mãe. Rapunzel voltar para a torre. O de o Jack perder vocês três. E o seu garoto dragão é perder seu bichinho. Como era o nome dele... ah, Banguela.”
Trinquei os dentes.
“Não ouse tocá-lo.”
Breu riu e se virou ficando de costas para nós. Eu tinha dito exatamente o que ele queria e agora ele sabia exatamente qual era meu ponto fraco.
“Eu não precisarei chegar tão perto para acabar com ele garoto. Só com um estralar de dedos ele morre.”
“Por favor, Breu... você não é tão poderoso assim.” Jack comentou rolando os olhos
“Você me subestima Jack Frost. Mas breve você verá o porquê das trevas serem temida. Agora... está na hora do medo dominar o mundo.”
“Essa conversa está muito unilateral.” Murmurei rolando os olhos
Breu se virou ofendido enquanto Jack ria e sorria para mim.
“Aaaahhh!” O cara cinza gritou e os cavalos avançaram na nossa direção.
Jack correu e pulou acertando dois de cara com uma rajada azulada. Outro passou por ele vindo na minha direção e eu acertei com a frigideira. Só que eles não eram tão sólidos como os ursos e por isso a frigideira não acertou e sim o atravessou.
Antes que eu conseguisse pensar em algo, o cavalo pulou em cima de mim. Eu cai batendo a cabeça com força no chão. Minha visão escureceu e eu não consegui ver mais nada.
Senti algo frio em cima de mim e minha visão voltou. Jack me estendeu a mão e me puxou do chão. Havia uma tempestade naquela clareira, uma tempestade feita de areia negra.
“Lembre de não pensar nos seus medos. Eles podem se tornar real.” A voz de Breu soou vindo de algum lugar em meio a tempestade.
Olhei para Jack que fechava os olhos com força. Ele parecia estar se concentrando. Dei um passo para trás e a mão esquerda do Frost se cerrou em punho.
Jack grunhiu e uma espécie de explosão de cristais de gelo emanou dele, atingindo as trevas ao nosso redor e as fazendo desaparecer. Aquilo pareceu exigir muito do Frost, pois ele se apoiou no cajado parecendo cansado.
“Parece que você não é mais o mesmo Jack.” A voz de Breu veio por atrás de nos, me virei, mas ele não estava lá. “E você ainda me subestima.”
Virei-me novamente, pois a voz soou como se ele estivesse na minha frente.
“Agora quem irá te proteger... o garoto dragão?”
“Você acha que eu não consigo.” Perguntei, começando a me irritar por não poder vê-lo.
“Eu não acho. Eu tenho certeza.” Breu disse aparecendo na frente da entrada do túnel gelado “Admita, você não é nada sem seu dragão.”
Certo ele havia me deixado com raiva. Mas minha frigideira não iria pará-lo. Breu pareceu perceber isso e sorriu, lançando uma onde negra na direção de Jack.
O Frost não teve tempo de se defender e a areia o atingiu. A areia se transformou em uma gaiola negra e prendeu o garoto. Olhei para ele em pânico. O que seria de mim agora?
As aberturas da gaiola começaram a se fechar de cima para baixo, deixando-a com a aparência de um casulo. Breu apareceu em minha frente e me agarrou pescoço, erguendo-me do chão com uma só mão.
“E agora, garoto dragão? O que você vai fazer?”
Uma idéia me ocorreu e eu comecei a gritar desesperadamente. Breu ficou confuso e depois riu parecendo se divertir com a cena.
“O grande senhor do outono grita como uma garotinha... Onde está sua coragem garoto?”
“Está aqui!” Merida gritou saindo do túnel e disparando uma flecha flamejante em Breu
O cara cinza pegou a flecha ainda no ar e a jogou longe com desdém.
“E é salvo por uma garota. Sinceramente...” Breu disse e me largando violentamente na neve.
Ele se virou encarando Merida que tinha seu arco pronto para disparar uma flecha a qualquer momento. Rapunzel estava ao lado dela, segurando firme seu cajado dourado.
“Rendam-se e não irão sofrer tanto como seu amigo Jack.”
Olhei para o Frost preso em dentro do casulo, sinceramente não parecia tão assustador assim. Foi quando pelo canto do olho vi a loira notar o que havia acontecido com Jack. O semblante dela mudou indo da calma para a raiva. E então foi quando aquilo aconteceu.
Uma areia dourada saiu do cajado de Rapunzel indo com toda velocidade na direção de Breu. Imediatamente ele se defendeu fazendo uma parede de areia negra.
“Você tem garra.” O cara cinza disse
“E fúria.” A loira completou lançando uma nova onda de poeira dourada na direção dele
Breu lançou uma onda negra para cima da dourada e então algo estranho aconteceu. No momento que as duas areias se chocaram a negra se transformou em dourada e a nova onda avançou para cima de Breu.
“Não!” gritou ele voando para cima
Todos nós erguemos a cabeça. Havia poeira negra sob os pés de Breu, que fazia ele se manter longe do chão.
“O ar não é seu domínio, não é pequena?”
Rapunzel fechou os olhos, parecendo se concentrar.
“Desiste, menina?” Breu perguntou dos céus
A loira abriu os olhos. Cerrou a minha mão esquerda em punho e quando abriu, tinha um sol dourado gravado na palma. A pele dela emitiu um brilho dourado e ela pulou voando para cima, deixando Breu assustado.
Rapunzel grunhiu lançando uma onda dourada antes que ele se recuperasse. Novamente Breu fez uma onda negra que ao se chocar com a onda da loira se tornou dourada.
“Não! Isso é impossível” Breu gritou enquanto as ondas unidas se chocavam contra ele
A onda explodiu e caiu no chão como neve. Olhei para todos os lugares que meus olhos alcançavam. Não havia nenhum sinal de Breu. Rapunzel desceu um tanto zonza. Merida guardou o arco e correu até ela.
“Rapunzel, você está bem?” A ruiva perguntou segurando o braço direito da amiga.
“Só estou um pouco tonta.” Rapunzel e olhou para o casulo negro que Jack estava.
Andei até meninas. Merida olhou para mim e sorriu, não pude retribuir o sorriso. Afinal a minha ruivinha estava bem. Espere um pouco. Eu disse minha?
Antes que eu conseguisse pensar em algo Rapunzel andou até o casulo e o tocou com seu cajado. A areia negra se tornou dourada e começou a sumir de cima para baixo, revelando Jack que tinha um olhar assustado.
“Rapunzel!” Ele disse abraçando a loira com força “Então aquilo não foi real. Foi só um pesadelo...”
Me lembrei das palavras do Breu “não sofrer tanto como seu amigo Jack.” Então a gaiola era feita de pesadelos... Certo era algo para ter medo.
“Vocês todos estão aqui. Vocês não se aliaram a ele.” Frost murmurou olhando para nos.
“Nunca faríamos isso.” Merida disse usando um tom sério
Rapunzel se afastou de Jack e sorriu para ele.
“Acho melhor irmos para casa.” A loira disse
“E o cajado da Merida?” Perguntei confuso
“Eu não estaria aqui se não o tivesse pegado.” Merida respondeu rolando os olhos
“Então onde ele está?” Perguntei e a ruiva me mostrou um cristal vermelho
“Isso é o cajado?” Jack perguntou roubando minha fala
“Sim, ele assumiu essa forma.” Merida respondeu jogando a pedra em dentro de sua aljava de flechas.
Jack balançou a mão, deixando o assunto para lá e tirou um globo de neve do casaco. O jogou no chão e o portal se abriu.
“E vamos lá.” Frost disse passando pelo portal, seguido por Rapunzel, Merida e eu.
Novamente estávamos na oficina do Papai Noel. Olhei para os lados a procura de Banguela, mas não o encontrei.
Foi quando vi que Rapunzel e os demais olhavam assustados para o globo. Segui o olhar deles e vi que não olhavam para o globo e sim para o que estava na frente dele.
Os globos de neve haviam sido quebrados.
Os guardiões tinham sido libertados.
Estávamos novamente em perigo.
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