19. A Flecha Fatal


POV Merida

Eu não confiava em Lilith.

Ela era o tipo de pessoa que você tinha que confiar desconfiando. Tudo bem que ela estava nos ajudando a resgatar o Jamie. E era também parte vital do plano do Soluço, mas mesmo assim. Eu não confiava totalmente nela.

Por isso eu observava cada um de seus movimentos, enquanto andamos pelas ruas escuras daquela cidadezinha. Segundo Lilith, o covil tinha mudado para um lugar de difícil acesso. Um lugar que ninguém procuraria e, se procurasse, não conseguiria encontrar a porta.

Jack e ela andavam na frente do grupo, Rapunzel estava logo atrás deles e eu logo atrás da loira. Soluço e Banguela estavam um tanto distante de nós e eram os últimos.

Olhei para trás e vi Soluço um tanto abatido. Reduzi o passo e logo estava ao seu lado. Ele olhou para mim e sorriu fraco.

“Oi ruivinha.” Ele disse com a voz um tanto deprimente.

“O que foi que deu em você Soluço?” Perguntei cruzando os braços.

“Nada, só fiquei chateado por causa de uma coisa que o Breu disse.” Ele explicou voltando a fitar o chão à sua frente.

“O que ele disse?” Perguntei curiosa e um tanto irritada. O idiota de camisola tinha deixado meu amigo chateado, ah... Como eu queria socar a cara dele agora!

“Ele disse que eu não era nada sem o Banguela.” Soluço respondeu me tirando dos meus pensamentos.

“Bom... ele está certo.” Falei colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Soluço virou-se para mim, ele estava irritado.

“Muito obrigado Merida!” O viking disse amargo. “Eu sei que sou um inútil mas você não precisa....”

“Cale a boca Soluço!” Bradei jogando os braços para cima. O viking ficou assustado por causa de minha atitude e eu sorri fraco, me desculpando.

“Desculpe. Mas digo que Breu tem razão por que é verdade.” Falei e Soluço abriu a boca para argumentar, mas eu a cobri com minha mão direita. “Deixe-me terminar de falar! Eu concordo com ele, pois o Banguela é parte de você. Ele é como se fosse a metade que faltava em seu ser. Ele te protege e você faz o mesmo por ele. É como se fosse a céu e a lua, a neve e o frio...Um precisa do outro para existir. Me entende agora?”

Ele assentiu e pude sentir seus lábios se enrugarem em um sorriso torto embaixo dos meus dedos. Retribui o sorriso e Soluço tirou minha mão da sua boca. Eu achei que ele ia solta-la, mas ele continuou segurando-a.

“Obrigado por dizer isso Merida. Você não sabe como me reconforta.” Disse com a voz suave olhando no fundo dos meus olhos.

Acabei me perdendo naqueles olhos verdes que pareciam esmeraldas. Soluço me abraçou e, meio sem jeito, retribui o abraço, enterrando minha cabeça em seu peito e fechando os olhos. O viking apertou o rosto em meus cabelos e suspirou. Aquilo era tão bom; estar com ele daquela maneira... Nada mais importava agora. Eu só queria ficar naqueles braços para sempre.

Céus,Merida! O que você está pensando? Soluço é seu amigo! Disse minha consciência

E daí? E se eu quiser que ele seja mais que isso? Posso sentir que ele também gosta de mim. Poderíamos ficar juntos quando isso tudo acabar. Rebati e minha consciência ficou muda.

Claro! Se você sobreviver ao que está por vir.Minha consciência respondeu e não pude deixar de sorrir.

Eu sobreviveria, junto com o Soluço. E quando tudo isso acabasse, eu diria a ele o que eu sinto. Foi quando percebi que ainda estava abraçada a ele, que parecia que não ia me soltar tão cedo. Não pude deixar de sorrir com aquilo e ele pareceu perceber. Pois pude sentir os músculos do rosto se movimentarem.

Até que alguém pigarreou ao meu lado. Abri os olhos e me deparei com Lilith, que tinha a expressão tranqüila como se já estivesse nos visto desse jeito outras vezes.

“O covil é logo ali na esquina.” Ela nos disse e continuou andando.

Um pouco mais a nossa frente estavam Rapunzel e Jack, que olhavam para nós com curiosidade. Afastei-me um pouco de Soluço, mantendo meus braços ainda ao redor dele. O viking olhou para mim e o sorriso em seu rosto se alargou, ele me soltou e estendeu a mão para mim.

“Vamos?” Ele perguntou com a voz doce

“Humm, claro.” Murmurei pegando a mão dele

Era para ser estranho andar de mãos dadas com um garoto que mal conhecia. Mas sei lá, eu sentia como se tivesse convivido com ele a minha vida toda. Enquanto andávamos, ele não conseguia parar de olhar para mim e numa dessas vezes olhei para ele de volta, nossos olhos se encontraram. Sorri e desviei o olhar para baixo, me sentido pela primeira vez envergonhada.

Dobramos a esquina, nos deparando com um beco escuro e sem saída. Minha vergonha passou e eu me concentrei em minha responsabilidade, me lembrando do que Soluço me disse mais cedo: “Você é a nossa defesa Merida. Você é a única que pode desafiar a bruxa. Tirar ela do jogo é sua responsabilidade.”

Lilith entrou no beco e nós a seguimos. Ela parou na parede do fundo e tocou um tijolo, tirou a mão e uma marca apareceu na parede; uma espiral azulada. Do lado direito da marca, começou a se formar uma porta na parede. Após alguns segundos, a porta apareceu por completo.

Lilith girou a maçaneta e a porta se abriu. Tudo estava escuro lá dentro.

“Isso é um corredor. O corredor da prova. Não pense em seus medos e vocês conseguirão passar por ele. Pense em um medo e você fica perdido ai em dentro para sempre.” Ela murmurou usando uma voz fria e em seguida passou pela porta desaparecendo na escuridão.

Nos quatro nos entreolhamos. Jack passou o braço pelos ombros de Rapunzel e entrou na escuridão junto com a loira. Apertei a mão de Soluço com força, demonstrando que estava com medo. Ele balançou a cabeça negativamente e ergueu a cabeça para o seu olhando para lua.

Ele não disse uma palavra, mas eu o compreendi. O Homem da Lua nos escolheu por que acreditava em nós. Jamie acreditava em nós. Não precisávamos ter medo. Respirei fundo, sorri para o viking e olhei para Banguela e depois para porta.

Então algo estranho aconteceu; a porta se alargou, transformando em um grande arco, permitindo que o dragão passasse facilmente. Entramos na escuridão com Banguela em nosso encalço.

De inicio só vimos o escuro, até que a luz da lua apareceu um pouco mais a nossa frente. Andamos na direção do brilho lunar e saímos do escuro, nos deparando com uma enorme sala, que tinha um globo em seu centro.

Soluço e eu olhamos para trás e vimos uma porta idêntica a que Lilith abrira. Viramos-nos novamente e vimos Jack e Rapunzel do outro lado da sala. Cruzamos a sala rapidamente e nos juntamos a ele.

“Onde está Lilith?” As palavras saíram da minha boca antes que eu pudesse pensar.

“Foi atrás do Jamie da família dele. Ela sabe onde as gaiolas ficam.” Jack respondeu balançando a cabeça para o lado esquerdo, onde havia um enorme arco de pedra que dava para outro corredor escuro.

“Certo, vamos seguir com o plano. Jack, Merida boa sorte.” Soluço disse apertando minha mão um pouquinho.

“Obrigado. Desejo o mesmo para vocês.” Jack falou, olhando triste para Rapunzel. Abracei Soluço com força e pude ver que Rapunzel fazia o mesmo que Jack.

“Vai ficar tudo bem loirinha.” Jack murmurou baixo.

“Cuide-se.” Murmurei no ouvido de Soluço.

“Pode deixar. Só me prometa que vai ficar viva, ok?” Ele disse para mim, parecendo querer rir.

“Eu vou tentar.” Respondi e me afastei de Soluço, que enxugou uma lagrima que começava escorrer. “E você faça bom uso dessa frigideira.”

O viking riu e murmurou:

“Pode deixar.”

Me virei e abracei Rapunzel, que já tinha se afastado de Jack.

“Por favor, mantenha esse tonto vivo.” Ela me pediu.

“Eu ainda estou aqui loira.” Jack falou rolando os olhos e cruzando os braços, olhando a cena. Pude sentir Rapunzel rindo para Jack, enquanto nos abraçávamos. “Não sou tão incompetente assim!”

Ela se afastou um pouco de mim e me lançou o olhar mais sério que eu já vi em minha vida, superava até o da minha mãe.

“Prometa-me.” Rapunzel pediu usando a mesma voz que ela usou com os yetis quando eles estavam enfeitiçados.

“Tudo bem, eu prometo.” Falei e ela voltou ao normal, sorrindo um pouco.

“Tome cuidado.” Ela falou e eu assenti.

“Eu sempre tomo.” Disse sorrindo um pouco. Jack socou Soluço no ombro e o viking retribui o soco.

“Cuide-se cara e fique de olho na minha loirinha.” Jack pediu e Rapunzel ficou vermelha.

Soluço sorriu e disse numa voz alegre:

“Pode deixar.”Rapunzel se juntou a Soluço e Jack veio para meu lado. Acenamos uns para os outros, com um aperto no peito. Aquele talvez era um adeus.

Nos viramos e tomamos caminhos opostos. Nossa sina havia começado.

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Rapunzel iria me matar! O Frost havia tido a brilhante idéia de nos separamos e seguirmos por lugares diferentes. Eu discordei, mas o idiota já tinha sumido.

Eu estava alerta a cada ruído, enquanto seguia aquelas entranhas escadarias, que eram muito próximas uma da outra. O meu cajado tinha assumido um pouco mais cedo a forma de uma seta, o que deixou mais fácil eu pega-lo numa situação de perigo.

Subi mais uma escada, com meu arco preparado. Qualquer movimento estranho e eu disparava a flecha. Essa escada dava para uma parede, o que significava que teria de descer e tomar outro rumo. Até que ouvi um barulho atrás de mim e me virei pronta para atirar.

“Calma, calma, calma! Sou eu Merida!” Jack murmurou erguendo as mãos em rendição.

Abaixei o arco e grunhi irritada.

“Pelo amor de Deus Jack! Eu poderia ter te matado!”

“Acho que a Rapunzel, não ia ficar feliz com isso.” Ele murmurou com um sorriso torto, subindo as escadas.

“Sem dúvida. E onde você estava idiota? Eu fiquei preocupada. Achei que Breu tinha te matado! Ou coisa pior!” Bradei querendo voar no pescoço dele

“Há. O Breu não mata nenhuma mosca. Imagine eu.” Jack falou ridicularizando seu arqui-inimigo.

Meus olhos se estreitaram. Jack nunca usou essa expressão e parecia estar tão calmo... Diferente de como estava alguns minutos atrás, todo tenso por causa de Rapunzel.

“O que foi Merida?” Jack murmurou cruzando os braços e sorrindo de forma debochada.

Jack nunca cruzava os braços em situações como essa! Jack nunca me chamava de Merida! A não ser que fosse algo sério, o que não era o caso. Aquele poderia ser qualquer pessoa, menos o idiota do iceberg.

“Nada.” Murmurei sorrindo um pouco e fingindo estar relaxada. “Sabe, só pensei naquele lance que você me falou.”

Jack ficou confuso.

“Do que você está falando?” Ele perguntou ainda de braços cruzados.

Continue distraindo-o Merida. Minha consciência me avisou.

“Você sabe Jack, aquele lance do... Ah! qual é Frost. Vai me disser que não esqueceu?” Falei parecendo ridicularizado.

“Ah! Aquela coisa... Então o que você pensou?” Ele perguntou curioso.

Esperto. Desviou o centro da conversa para mim. Confunda-o Merida...

“Não vai dar certo. A Rapunzel nem tem mais o cabelo mágico dela.” Falei e vi Jack arregalar os olhos assustado.

Ou deveria dizer Gothel.

“O que deu em você Frost? Esqueceu foi? Você que cortou o cabelo dela, está lembrado?” Perguntei e discretamente puxei mais um pouco a flecha que estava em meu arco.

Jack-Gothel não disse nada, apenas ficou me olhando estupefato (a).

“Nossa você é lerdo, hein Frost? Depois fica falando mal do Soluço.” Murmurei e comecei a descer as escadas ficando de costas para minha inimiga.

“Merida sua tola. Eu não sou o Jack!” Jack-Gothel falou em deboche.

Eu fingir que tinha paralisado e a bruxa continuou:

“Agora, eu vou matar aquele guardião imbecil. Já que ele acabou com a fonte de minha imortalidade. Mas antes dele, eu vou matar você... Vire-se garota e encare seu destino.”

Eu sorri e puxei a flecha deixando-a preparada para o tiro.

“Eu faço o meu destino.” Murmurei e virei rapidamente, disparando a flecha que tinha como alvo o coração de Jack-Gothel.

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