17. Guardiões vs. Guardiões


POV Rapunzel

Eu não conseguia acreditar... Os Guardiões tinham sido libertados. Eu ainda estava parada olhando sem reação para os globos quebrados, quando quatro areias negras apareceram na frente deles.

Recuei com Merida e Jack. As areias começaram a tomar formas e os quatro guardiões apareceram. Eles estavam muito diferentes.

As roupas vermelhas de Norte eram pretas, assim como seus olhos e cabelos. Preto também era o pelo do Coelhão e as penas da fada. Sandman não era exceção, a areia dourada dele tinha a mesma cor do que a de Breu.

“Rendam-se...” A fada começou a dizer usando um tom de voz frio

“... ou morram.” Sandman começou usando o mesmo tom.

Olhei incrédula para Sandman, estava falando. Segundo as histórias ele não podia falar. Então eu percebi, ele falava por que não era o Sandman e sim um servo das trevas.

Nós quatro nos arrumamos numa linha defensoria e cada um ficou de frente para um guardião. Merida na frente de Norte, Jack na frente de Sandman, Soluço na frente da Fada e eu de frente para o Coelhão.

Os guardiões percebendo que não iríamos nos render prepararam suas armas. Norte sacou suas espadas, Sandman fez uma parede de areia surgir atrás dele, Coelhão preparou seus dois bumerangues e a Fada fez aparecer dois chicotes de areia negra.

“Ultima chance.” Norte murmurou e Jack lançou uma rajada de gelo em Sandman, como resposta.

Tudo aconteceu muito rápido. Num instante estávamos a cinco metros de distancia dos guardiões, já na outro estávamos cara a cara com eles.

Merida conseguiu de algum jeito tirar uma das espadas do Norte e começou a duelar com ele. Soluço usou a frigideira para se defender dos chicotes da Fada e Jack começou a lançar rajadas de gelo para Sandman, que revidava com sua areia negra.

Esquivei-me de dois bumerangues jogados por Coelhão e revidei lançando uma rajada de areia dourada em sua direção. O coelho pulou para o lado direito e areia atingiu a parede. Ele se endireitou e olhou para mim sorrindo. Fiquei confusa e algo acertou minha nuca, me levando de cara no chão. Mas que merda de bumerangues!

Coelhão colocou sua pata direita nas minhas costas me prendendo ao chão.

“Desiste?” Ele perguntou com a voz tão afiada quanto uma adaga

Movi meu cajado para frente. Uma onda de areia dourada acertou o Coelhão jogando-o longe. Ele bateu as costas no globo e caiu no andar de baixo, na base de sustentação.

Levantei-me um tanto dolorida e corri até a grade de proteção do globo. Olhei para baixo, o Coelhão não estava ali. Um calafrio percorreu meu corpo e eu me arrepie da cabeça aos pés. Uma respiração veio detrás de mim. Me virei no mesmo momento em que o coelho me empurrava para baixo.

Cai de costas na base de sustentação do globo. Antes que eu tivesse a chance de levantar. O enorme coelho saltou de cima na minha direção, com um bumerangue na mão. Rapidamente joguei uma rajada de poeira dourada e ele teve de desviar caindo no meu lado direito. Fique novamente me pé e corri para o lado oposto a ele.

Pude ver Merida duelar com Norte, ela estava em desvantagem, assim como Jack e Soluço. Escalei a parede, para voltar para o andar de cima. Já segurava na grade de proteção quando algo me puxou por trás, me levando novamente ao chão.

“Para de lutar, guardião. Não há razão para lutar.” Coelhão disse colocando o bumerangue no meu pescoço “Agora, me de este cajado e acabe com essa luta inútil.”

Apertei com força o meu cajado. Eu nunca iria dar para ele. Mas eu não tinha alternativa. Uma idéia se iluminou em minha mente.

“Se eu me render.... você nos deixa em paz?” Perguntei fingindo ter a voz tremula

“Mas é claro que sim criança. Minha luta não é com você.” Respondeu Coelhão “Com nenhum de vocês.”

“E nos ficaremos seguros. Você não nos atacará.” Falei soando como se fosse uma pergunta

“Tem a minha palavra.” Coelhão prometeu estendendo a mão esquerda na direção do cajado

Suspirei e fingir me senti derrotada. Estendi o cajado na direção do coelho e ele o pegou. Porém eu não o soltei.

“Já pode largar ele agora menina. Está tudo bem.” Coelhão me assegurou usando um tom de voz calmo e seguro

“Mas é claro que está.” Murmurei e deixei a força que queria ser libertada, correr livre.

Uma onda de areia dourada, meio que pareceu sair de mim. Essa onda inundou a oficina como se fosse uma tempestade de areia. Fechei meus olhos, pois a areia brilhava intensamente. E quando voltei a abri-los me deparei com o Coelhão de pelo cinza, o guardião da páscoa.

“Rapunzel?” Ele disse confuso e então deu um grito de surpresa, tirando o bumerangue do meu pescoço

Me sentei, apoiando-me no meu cotovelo.

“Você está bem?” Perguntei preocupada

“Sim, eu... Aquele não era eu!” O coelhão disse alarmado.

“Eu sei disso. Você não...”

“Rapunzel!” Jack me chamou do andar de cima

Olhei para ele e não pude deixar de sorrir. Ele estava bem e não estava ferido. Jack saltou, aterrissando ao meu lado.

“Parabéns, loirinha.” Ele disse estendendo a mão para eu levantar

“Humm, obrigado.” Disse pegando a mão dele

Jack me deu um impulso forte para cima e eu acabei chegando perto demais dele. Nossos rostos ficaram a centímetros um do outro. Estavam tão perto, que nossos narizes se tocavam.

“Opa.” Ele murmurou com um sorriso e o hálito frio dele banhou meu rosto

Eu fiquei mais vermelha que um tomate. Gaguejei algo sem sentido e me afastei dele.

“Ei, vocês ai! Subam logo.” Merida murmurou aparecendo atrás da grade de proteção.

Coelhão deu um salto para o andar de cima. Jack um tanto desconfortável me agarrou pela cintura e voou para o andar de cima. Assim que nossos pés tocaram o piso ele me soltou, indo para o outro lado da oficina.

“E ai está ela.” Norte murmurou

Olhei para os guardiões. Eles estavam normais. Com os cabelos, olhos, pêlos, roupas e penas de volta a sua cor original. A minha idéia tinha dado certo. A areia dourada tinha conseguido remover o controle de Breu sobre os guardiões.

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As coisas voltarão ao normal, ou ficaram próximas do “normal”. Os yetis supervisores foram dispensados e os guardiões voltaram à ativa. Como já era de noite, Soluço e Merida resolveram descansar um pouco e caíram literalmente nas suas camas.

Apesar de tudo que havia acontecido nas ultimas horas, eu não sentia cansaço. Nem fome, nem sede, nem sono. Eu só sentia uma imensa vontade que aquilo acabasse logo. E infelizmente para mim, essa vontade não era fácil de saciar.

Andei pensativa pela oficina e parei em uma sacada. Fechei meus olhos e a minha trança se dissolveu deixando meus cabelos livres e soltos. Abri meus olhos e fitei a lua cheia brilhava intensamente, como se estivesse no auge de sua gloria.

Imediatamente me lembrei do que eu disse para Merida. “Há um motivo para o Homem da Lua nos reunir, é por que juntos somos mais fortes.” Comecei a refletir sobre os fatos ocorridos.

O lance da areia só se revelou quando nos quatro estávamos reunidos. De todas as situações até agora, sempre vencemos quando ficávamos juntos ou próximos um do outro. E em todas as situações, Breu nos atacou de dia.

De imediato entendi. Era lua, à noite o The Big Four ganhava um aliado a mais, à noite nos tínhamos vantagem sobre Breu. Acabei rindo da ironia. Ele que controlava as trevas, tinha mais força durante dia.

“Qual é a graça.” Jack me perguntou aparecendo atrás de mim.

“Nada, só uma coisa irônica.” Respondei me encostando no parapeito da sacada.

Jack se juntou a mim e junto ficamos fitando a lua.

“Merida me contou sobre o lance dos seus pais.” Jack comentou com a voz triste “Eu sinto muito por você.”

Olhei para ele e ele olhou para mim. Então sem motivo algum eu o abracei, surpreendendo a mim mesma. Jack ficou sem reação por alguns segundos e em seguida retribui meu abraço. Fechei meus olhos, aconchegando minha cabeça em seu peito e ele passou a mão pelos meus cabelos.

“Quando essa loucura acabar. Você vai encontrá-los e eles te receberam com beijos e abraços. Eles cuidarão de você e a protegerão, assim como você irá fazer o mesmo por eles.” Jack murmurou esperançoso

“Assim espero.” Murmurei baixo em resposta e sorri sonhando que aquilo acontecesse de verdade

Me afastei um pouco de Jack, mas ainda continuávamos abraçados. Ele abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido pela chegada do Coelhão.

“Jack, Rapunzel, temos um problema.”

Frost e eu nos entreolhamos e não pude deixar de suspirar. Logo quando havia um momento de calmaria. Nos separamos e seguimos o coelho até a sala do globo. Todos os guardiões, incluído Merida e Soluço no aguardava. Havia alguns yetis no canto da sala e Banguela também estava presente, já com a cela da montaria.

“O que foi houve?” Perguntei olhando preocupada para o globo

“Uma criança deixou de acreditar em nos.” Norte murmurou parecendo... magoado?

“Isso acontece todos os dias Norte. Por que essa teve importância?” Jack perguntou confuso

“Por que não era uma criança comum Jack. Quem deixou de acreditar em nós foi o Jaime.”

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