03. Conhecendo meu sogro


JACK
Finalmente era o dia.
Depois de dois anos namorando Rapunzel, eu conheceria oficialmente meu sogro. No ano passado quando visitei a loira, o pai dela estava viajando e eu só pude conhecer a mãe dela, Esperanza, que gostou de mim logo de cara.
Mas o pai da loira era outra história. Ele não ia com a minha cara, por que eu não pedi permissão para namorar a filha dele... Mas o cara queria o quê? Que a gente largasse o Breu e viajasse no tempo para encontrá-los? E eu iria dizer o quê? Oi, sou Jack Frost e quero namorar a sua filha, que vocês perderam há anos. E por falar em perder, tem como dizer que aceita nosso namoro? E por que a gente tá perdendo a guerra contra um cara que quer nos matar... Com certeza, eu não poderia fazer isso. Por este motivo, eu teria de ser o mais sociável possível e não aprontar nada nas vistas do meu sogro, se não era forca na certa.
Voei até o lago de Burgess e pairei sobre ele, erguendo meu cajado na direção do céu e fazendo um tornado começar a se formar. O frio do inverno aqueceu meus músculos e um raio de luz branca saiu do centro do tornado, me acertando em cheio e me puxando de Burgess para Corona. Primeiro eu só pude ver foi a luz azul intensa e aconchegante como a lua, e em seguida vi a cidade de Corona reluzindo a ser tocada pelos primeiros raios de sol.
Um sorriso largo cresceu no meu rosto, e enquanto voava em direção a ilha de Corona deixei meu cajado tocar propositalmente o mar, fazendo com que ele o congelasse. Conjurei uma forte nevasca e fiz com que a neve caísse à medida que eu sobrevoava os telhados da cidade, deixando-a com a cara da minha casa.
As pessoas que estavam nas ruas soltaram gritos de exclamação como se não tivessem visto aquilo há muito tempo. As crianças começaram a sair de suas casas e por mais que eu quisesse brincar com elas, meu objetivo era ir para a torre mais alta do castelo, onde ficava o quarto de Rapunzel.
Subi cada vez mais alto e sorri ao ver a janela da torre aberta. Assim que entrei, algo preto atingiu o meu rosto em cheio, e pelo barulho metálico que fez, tive certeza que era uma frigideira.
"Oh, meu Deus... Jack?" Ouvi Rapunzel me chamar, mas tudo que pude ver foi estrelas. "Jack... acorda. Ah, ops... foi mal."
Um estralar de dedos ecoou pelo ambiente e minha visão voltou ao normal, me permitindo ver Rapunzel inclinada sobre o meu corpo, tendo suas mãos delicadas em meu rosto.
"Você está bem?" Ela perguntou preocupada, fazendo-me sorrir.
"Sim, eu estou." Assim que terminei de dizer aquilo, um plaft ecoou pelo ambiente. A loira havia dado um tapa em minha cara.
“Ai... Por que você fez isso?” Perguntei, apoiando-me em meus cotovelos e massageando o lado vermelho do meu rosto.
“Por que você está atrasado.” Rapunzel respondeu irritada. “Era para ter chegado na semana passada!”
“Desculpa. Acho que houve um erro em minha trajetória.” Especulei e me sentei olhando ao redor. “Hã... seu pai está no castelo?”
“Não. Ele saiu para caçar e deve estar chegando lá pelas oito.” A loira respondeu se levantando e indo para a penteadeira.
“Então eu tenho tempo de sobra.” Comentei alegre, cutucando a pele mole do sapo de Rapunzel, que estava sentando ao meu lado.
“Tempo de sobra? Você tem que se arrumar para estar apresentável para meu pai.” Rapunzel expôs, sentando-se em frente à penteadeira e começando a desembaraçar seus cabelos.
Imediatamente parei de cutucar o sapo.
“O que? Ouh,ouh,ouh. Vocês não vão colocar uma roupa ridícula em mim não, não é?” Perguntei receoso e Rapunzel sorriu e se virou para mim.
“Claro que não. Só vamos deixá-lo... diferente.”
Olhei para o camaleão Pascal, que também olhou para mim. Aquilo não iria prestar...
***
Ok, eu não estava tão horrível assim.
Tudo o que fizeram foi colocar em mim uma calça cinza, uma blusa de manga comprida branca, um sobretudo azul elétrico e botas da mesma cor, o que me fez adequar a época, sem me afastar muito do meu estilo original.
“Eu queria deixar o sobretudo aberto...” Reclamei comigo mesmo, olhando no espelho do quarto de hóspede. “Talvez se abrisse os primeiros botões...”
“Nem pense nisso.” Rapunzel repreendeu-me entrando no quarto. Ela estava linda, usava um vestido azul céu e sapatilhas da mesma cor, com a tiara real em sua cabeça. Em suas mãos havia uma faixa branca com um trocinho azul na ponta, mas o que realmente chamou minha atenção, foi o colar o que ela usava. “Eu nunca tirei.” A loira revelou tocando no pingente do colar e eu sorri.
Um pouco depois da derrota do Breu, eu dei para Rapunzel um colar que tinha um cristal de gelo como pingente, fazendo uma simbologia a mim. Em troca ela me deu um girassol que me fazia lembrar-se do sol, e conseqüentemente dela.
“Nem eu.” Comentei e olhei para o baú em cima da minha cama, onde um girassol radiante era circundado por uma aura amarela.
“Jack...” Rapunzel veio até mim, puxando-me para um beijo que me fez esquecer-se do meu próprio nome. Minhas mãos travaram-se na cintura dela e Breu poderia voltar naquele momento, que eu não estaria nem ligando.
“Eu senti sua falta, loirinha.” Sussurrei no ouvido dela, fazendo-a sorrir.
“Também senti sua falta, Jack.” Rapunzel sussurrou de volta e a abracei, querendo que nós ficássemos daquela forma para sempre, só que infelizmente, eu ainda tinha que conhecer meu sogro.
“Acha que ele vai me matar?” Questionei, me afastando e fitando a loira.
Rapunzel riu, até ver que eu estava falando sério.
“Não. Ele vai te matar.” Ela prometeu segurando meu queixo. “Mesmo que ele tente, eu não vou deixar você se ferir.”
Sorri e Rapunzel me deu um rápido selinho, antes de desviar o olhar para a faixa branca em suas mãos.
“Você vai ter que usar isso.” Ela disse, passando a faixa por volta de mim e arrumando-a da melhor forma. O negocio que estava na ponta, era um pingente de gelo que tinha a mesma cor que meu sobretudo. “È um sinal de nobreza.”
“Eu era um plebeu na minha vida humana.” Comentei e a loirinha sorriu.
“Nobreza não quer dizer riqueza, Jack. E sim coragem, ousadia e um bom coração. Os títulos em Corona são dados para aquele que merecem, não importa se você é rico ou pobre.” A loira explicou e alisou meu sobretudo, voltando seu olhar para o meu em seguida. “Você está extremamente atraente.”
“Eu sou extremamente atraente, tá.” Retruquei, sorrindo marotamente e fazendo Rapunzel revirar os olhos.
“Convencido.” Ela murmurou e eu a puxei para um beijo no mesmo momento que dona Esperanza abria a porta.
“Oh, meu Deus. Desculpem-me.” A mãe de Rapunzel disse, parecendo mais vermelha que a filha.
“Tudo bem, majestade. Rapunzel e eu já estávamos de saída, não é querida?”
“È, sim, estávamos de saída.” Rapunzel concordou sem jeito, me puxando para fora do quarto, enquanto eu tentava não rir.
A loira e eu saímos do castelo de braços dados, e encontramos vários guardas nos cantos do pátio. No meio deles havia um alazão branco com um olhar severo e um cabresto que carregava o sol de Corona. Meus olhos acabaram se encontrando com os do cavalo, que me dirigiu um olhar hostil e pouco amigável.
“Aquele é Maximus, capitão da guarda real.” Rapunzel sussurrou no meu ouvido e o cavalo virou a cara para o outro lado.
“Ele não parece ter gostado de mim.” Comentei aos soros.
“Ele não gosta de ninguém.” A loirinha retrucou e em seguida apertou meu braço. “Espero que papai goste de você.”
“E se ele não gostar?” Perguntei erguendo uma sobrancelha, e Rapunzel sorriu em resposta.
“Então isso será problema dele.” Ela sussurrou, fazendo seus lábios se abrirem num sorriso sapeca.
Desviei meus olhos para dona Esperanza, que estava de frente para o parapeito do pátio e olhava ansiosa para a rua principal da cidade. Prostrei-me ao lado dela, mantendo uma postura calma e segura, e tentando não parecer imaturo.
“O rei está vindo!” Uma voz grave gritou de algum lugar distante, o que fez Rapunzel prender a respiração.
“Tá tudo bem, loirinha. È só seu pai.” Sussurrei para ela, que parecia ter sugado toda minha preocupação.
“Por que você está tão calmo?” Ela perguntou franzindo a testa.
“Ora... talvez...” Comecei a dizer, mas resolvi me calar. Desde que Breu foi derrotado, eu estava andando estranhamente calmo e parecia saber o que as pessoas sentiam. Eu sempre especulava, mas foi o comentário de Rapunzel que me fez ter certeza de que eu havia ganhado um novo “poder”.
“Ele chegou.” A loira me avisou, tirando-me dos meus pensamentos.
Vários cavalos marrons adentraram o pátio e dentre eles estavam dois cavalos brancos tão belos quanto Maximus. Um dos cavalos trazia o brasão de Corona e seu cavaleiro era um homem quarentão, barbado, de cabelos e olhos castanhos. Era o rei Felipe, o sogro que me detestava.
Já o outro cavalo tinha o brasão de uma lua crescente e seu cavaleiro era um rapaz de uns dezenove anos, de cabelos loiros e olhos azuis glaciais. As vestes dele eram azuis claras, exceto seu sobretudo que era branco como a neve. Eu não tinha a mínima idéia de quem ele era.
“Quem é aquele?” Questionei em voz baixa e Rapunzel sacudiu levemente seus ombros em resposta.
Os cavaleiros desmontaram de suas celas, assim como os guardas que se dispersaram, levando os cavalos junto com eles. O rei Felipe e o cavaleiro de olhos glaciais subiram as escadas á direita e se aproximaram bem lentamente de nós, enquanto retiravam suas luvas.
“Bem vindo de volta, querido.” Esperanza saudou o marido e beijou sua face. “E quem é este belo jovem?”
“È o príncipe Tobias, do reino de Arandela.” O rei Felipe passou o braço pelos ombros do rapaz e lhe deu um sorriso amigável. “Tive a sorte de encontrá-lo durante a caçada. Ele está trazendo uma mensagem do rei Leon.”
“È um prazer conhecê-lo, alteza.” Esperanza fez uma reverencia para o príncipe que sorriu e retribuiu o gesto.
“O prazer é meu, majestade.” O sorriso de Tobias se alargou e ele fitou a minha loira. “Esta deve ser a famosa Rapunzel.”
“Alteza.” Rapunzel disse largando meu braço e fazendo uma modesta reverencia.
Tobias sorriu e tomou a mão de Rapunzel, dando um beijo casto nela.
“Sempre ouvi dizer que eras belas. Mas tenho que admitir que não esperava que fosse tanto assim. Tu és realmente, a jóia mais preciosa de Corona.” O príncipe disse soando cortês.
“Oh, agradeço o elogio, alteza.” Rapunzel disse olhando para baixo.
“E que é este?” Tobias perguntou olhando para mim e eu me apresentei antes que Esperanza tivesse a chance.
“Eu sou Jack Frost, Guardião do Inverno, protetor da diversão e um dos responsáveis por erradicar as trevas do nosso mundo.” Falei num tom firme, estendendo em seguida a mão para Tobias. “De onde eu vim, o aperto de mãos é um sinal de cordialidade.”
Tobias sorriu e apertou minha mão, aplicando uma força desnecessária.
“Então, você é o responsável pelo prejuízo em minha frota de barcos.” O rei Felipe comentou e eu larguei a mão de Tobias.
“Perdão, senhor?”
“O mar inteiro está congelado. Isso é culpa sua, não é, Lorde Frost?” A voz do rei era estranhamente calma, o que me deixava em dúvida se eu estava sendo repreendido ou elogiado.
“Sim, majestade. Eu fui o responsável por congelar o mar e trazer o inverno, mas só estava cumprindo meu dever.” Respondi e a loira voltou a enlaçar seu braço com o meu.
“Jack é um guardião como eu, pai.” Rapunzel explicou e Tobias a olhou com curiosidade.
“Então os boatos eram verdadeiros. Tu és realmente a Guardiã da Primavera.” Tobias disse com surpresa em sua voz e a loira deu um sorriso forçado em resposta.
O rei olhou de Rapunzel para Tobias e em seguida seus olhos se fixaram no meu rosto. Esperanza deu o braço para Felipe e me lançou um olhar amigável.
“Por que não mostra onde o príncipe irá ficar, Rapunzel?” Esperanza sugeriu e sorriu para o marido. “O rei tem um assunto para tratar com seu amado.”
“Oh, claro, mãe.” Rapunzel concordou e me deu um beijo no rosto, antes de largar meu braço. “Vamos, alteza?”
Tobias assentiu e sorriu, dando o braço para Rapunzel e seguindo com ela para dentro do castelo. O rei Felipe gesticulou para as portas da entrada e eu entrei no castelo, tendo ele e a rainha em meu encalço.
Seguimos para o escritório do rei, que eu havia visitado na minha vida interior a Corona. Quando eu entrei, Esperanza sussurrou algo para o marido e em seguida se foi, me deixando sozinho com o rei.
Felipe trancou as portas do escritório e gesticulou para que eu sentasse. Sentei-me ereto na cadeira, em frente à bela mesa de mogno, que o rei contornou para se sentar em sua poltrona. O rei me analisou e colocou suas mãos juntas em cima da mesa, antes de suspirar pesadamente.
“Sabe Sr. Frost eu não tenho nada contra o senhor.” Felipe disse num tom respeitoso e formal.
“Eu sei disso, majestade. O senhor só não da minha atitude de começar a namorar sua filha, sem antes pedir sua permissão.” Retruquei, deixando-o surpreso. “Mas, por favor, me chame só de Jack, ou só de Frost. Eu posso ter trezentos e vinte dois anos, porém minha mentalidade é de um rapaz de dezoito.”
O rei assentiu e me olhou nos olhos.
“Certo. Irei te chamar de Frost, a partir de agora. Já que você entende minha situação, sabe que eu preciso estar ciente de seus planos para com a minha filha.”
“Sim, claro, majestade.” Concordei assentindo. “Eu pretendo futuramente casar com sua filha, mas só futuramente, por que eu acho que um casamento é algo sério e as pessoas precisam saber no que estão se metendo.” O rei assentiu e então eu continuei: “Rapunzel é o único amor da minha vida, por isso só irei propor o casamento a ela, quando eu sentir que nós estamos prontos para isso. No momento eu e ela estamos num relacionamento sério e pode se dizer, que de certa forma nós estamos... hum... noivos.”
“Noivos?” O rei Felipe ergueu uma sobrancelha.
“Não consigo encontrar outra palavra para descrever a minha relação com ela.” Admiti e para minha surpresa o rei sorriu.
“Isso é muito bom, Frost. Parece que você é um maroto, que sabe ser sério quando precisa.” O rei comentou e eu assenti concordando.
“Sim, e por isso queria pedir sua benção.” Disse num tom formal, e em seguida franzi a testa, completando: “Apesar de ser um pouco tarde para isso.”
O rei riu e concordou: “Sem dúvida.”
“Bom, certo. Vossa majestade poderia me dar à honra de ter o coração de sua filha?” Pedi, tendo meus olhos fixos no do rei.
Houve um momento de silêncio, que foi quebrado pela rainha, que abriu a porta e ordenou:
“Diga logo que sim, Felipe.”
O rei suspirou e resmungou:
“Sim.” Eu sorri e o rei logo me cortou: “Mas não pense que eu não vou ficar de olho em você, moleque.”
“Claro, senhor.” Concordei e senti a mão de Esperanza tocar meu ombro.
“Vá contar a noticia para sua loirinha, Jack.” Minha sogra ordenou sorrindo com amabilidade.
Assenti em concordância e me dirigi para a saída, parando repentinamente no limiar da porta.
“Obrigado pela sua benção senhor.” Agradeci, antes de deixar o escritório e sair correndo atrás da loira.
Agora era oficial. Eu e Rapunzel estávamos namorando.

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